Uma conceção moderna do treinador exige o reconhecimento integrado, complexo e diferenciado dos processos de aprendizagem, de treino e desenvolvimento competitivo. A formação do treinador deve permitir encarar o conhecimento como um instrumento profissional e meio de realização pessoal – projeto de vida. Os treinadores necessitam de compreensões técnicas, atributos de liderança, domínio da pedagogia, metodologia de treino e a especialização na estimulação do interesse e motivação de quem trabalha consigo diariamente – principalmente os jogadores.
Uma equipa funciona permanentemente como uma “unidade”, respeitando a mentalidade coletiva e divulgando responsabilidade comportamental. Para que isto ocorra, o treinador deverá dinamizar a cooperação e potenciação das missões táticas específicas – jogadores. O tempo e a experiência adquiridos, por parte dos jogadores, são aspetos catalisadores e estruturantes na compreensão e aplicação de conceitos evolutivos – nem sempre estimados por todos. No presente, é visível a discriminação sobre os jogadores com maior longevidade desportiva e profissional – uma das razões apresentadas pelos treinadores contemporâneos é o aumento das exigências competitivas nos últimos anos, nas quais, o jogo tornou-se mais rápido, mais físico e mais inteligente – redução das capacidades motoras com a idade. A intensidade de jogo sintetiza a interação entre a sincronização coletiva e o esforço físico individual, o que por si só revela que quanto maior o grau de sincronização, menor será o recrutamento de mecanismos de suporte de ação – entenda-se esforço físico para compensar a finalidade.
· Podemos deduzir que os jogadores mais velhos, sendo especialistas na identificação dos índices pertinentes das situações de jogo – maturidade tática - possibilitam a afinação e o aperfeiçoamento da orgânica da equipa no plano individual, setorial e intersetorial – poderão assumir o transfere do treinador no terreno de jogo.
Um dos principais pressupostos a ter em conta, no relacionamento com os jogadores mais velhos é a planificação tática, na qual, aplicamos e operamos os conceitos e estratégias que preparamos para a próxima confrontação competitiva. Neste contexto, as qualidades físicas, táctico-técnicas e o controlo emocional surgem como sinergistas para a concretização dos objetivos estabelecidos. Importa salientar que o treinador, ao ter conhecimento das características dos seus jogadores deve i) identificar uma relação ótima entre o nível de ativação e as emoções, ii) reconhecer a interação entre os fatores pessoais e situacionais, e iii) individualizar estratégias para desenvolver autoconfiança. Com isto, a valorização das particularidades dos jogadores intervém diretamente com a tomada de decisão relativa aos objetivos a atingir e à abordagem estratégico-tática.
Outro pressuposto a ter em conta é a atitude e os comportamentos dos jogadores, que são condicionados a) pela ação dos elementos adversários, b) pela ação dos elementos da própria equipa e c) pela capacidade técnica específica, que em última instância difunde condições e situações favoráveis à resolução do jogo. O treinador deverá ressalvar o progresso coletivo para atingir o sucesso, logo a intervenção “diferenciada” com cada jogador será uma obrigatoriedade.
A personalidade do jogador é conjunto dinâmico de características distintas e relativamente perduráveis no tempo e suportam uma coerência interna – exibindo-se em padrões recorrentes e consistentes. Daqui, podemos recorrer à psicologia ecológica onde imperam os acoplamentos perceção-ação em função dos constrangimentos e a variabilidade existente.
O papel do treinador é, precisamente auxiliar os contextos específicos de desempenho trabalhando com os erros, numa prática global com instruções, feedback e demonstrações. A manipulação dos constrangimentos possibilita uma maior afinação e assegura que as necessidades do grupo (entenda-se equipa) sejam satisfeitas, patenteando pluralidade de características nos traços de personalidade, comportamento e interação com os jogadores – onde o estilo de liderança pode modificar-se em função das situações específicas.
Em síntese, e por experiência pessoal, o feedback, a competência profissional e a ligação interativa que estabeleces com os jogadores, destacam-se pelo seu objetivo e conteúdo (específico ou não específico). O treinador é um observador perito em identificar confiança, competência, simpatia, dedicação, convicções e crenças nos seus jogadores, refinando o seu modelo exterior em função das experiências que detêm. Uma das minhas preocupações constantes, na interação com jogadores mais velhos foi verificar se a perceção imediata refletia a realidade existente, ou seja, assumir a soma das partes e não a sua totalidade, diferenciando sem comprometendo o futuro da organização que liderava – sinceridade e veracidade na filosofia que apresentava, na qual todos eram importantes e adjacentes à sua génese.
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“How to persuade players that are older than us, making them explore outside their comfort zone”
A modern conception of the coach demands the unified acknowledgement, complex and differentiated from the learning, training and competitive development procedures. The formation of the coach must allow him to face knowledge as a professional instrument and a method of personal realization – a life project. Coaches need technical understandings, leadership features, pedagogical domains, training methodology and specialization on stimulation of interest and motivation for those whom work with you on a daily basis – specially the players.
A team works permanently as a “unit”, being respectful to the collective mentality and disclosing behavioural responsibility. For this to occur, the coach should empower cooperation and enhance specific tactical missions – players. Time and experience that are acquired by the players are impetus and structuring aspects that are key for the comprehension and application of evolution concepts – not always estimated by everyone. In the present, it is noticeable the discrimination on players that have a bigger professional and physical activity longevity – one of the reasons that have been presented by the contemporary coaches is the raise of competitive demands over the last few years in which the game became faster, more physical and more intellectual – devaluation of motor skills facing age increase. The intensity of the game synthesizes the interaction between collective synchronization and individual physical effort, which by itself reveals that the bigger it is the synchronization degree, the minor it will be the recruitment of action support mechanisms – understand that physical effort for counterbalance the goal.
· Thus, we can infer that the older players, being specialists on identifying the relevant indexes of match situations – tactical maturity – enable adjustment and improvement of teams organic on individual, sectoral and intersectoral plan – can take on the transfer of the coach in the game field.
One of the fundamental assumptions to have in count in the relationship with older players is tactical planning in which we apply and operate concepts and strategies that we prepare for the next competitive confrontation. In this context, the physical, tactical and technical qualities as also emotional control emerge as synergists for the accomplishment of stablished goals. It is important to point that the coach, having the knowledge of the technical features of his players must i) identify a great relationship between the level of activation and emotions, ii) recognize the interaction between personal factors and situational and iii) individualize strategies to develop self-trust. Herewith, the appreciation of the singularity of players steps in directly with decision making regarding the goals to achieve and the strategic-tactical approach.
Other assumption to have in count is the attitude and behaviour of the players that are conditioned a) by the action of the opponent elements, b) by the action of the team players and c) by the specific technical ability that in last resource broadcast conditions and beneficial situations to the resolution of the game. The coach should save the collective progress to reach success, so the distinguish intervention with each player will be mandatory.
The personality of the player is a dynamical set of distinguish features and fairly enduring in time and support an internal consistency – showing off in recurrent and consistent patterns. Hence, we can resort to ecological psychology where the perception-action linkages reign due to the restraints and existent variance.
The role of the coach is precisely to help with specific performance contexts working with mistakes, on a global practice with instructions, feedback and demonstrations. Manipulating the restraints enables to a bigger setting and assures the group needs (group meaning team) to be satisfied, representing plurality of technical features in both personality and behaviour traits as so interaction with the players – where the leadership style can vary in function of specific situations.
To sum up, and by personal experience, the feedback, professional competence and interactive connection that you stablish with the players, stands out by your goal and content (specific or nonspecific). The coach is an expert observer at identifying trust, competence, sympathy, dedication, convictions and beliefs in his players, refining his outside model in function of their experiences. One of my constant concerns when interacting with older players was to verify if the immediate perception reflected the existent reality, in other words, taking the sum of the parts and not the totality, distinguishing without compromising the future of the organization that I was leading – honesty and veracity on the philosophy that I presented in which everyone were important and adjacent to its genesis.
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