Após quase três meses de paragem, a Liga volta esta quarta-feira, finalmente a bola vai voltar a rolar por cá...
Fazemos a antevisão, focando-nos na luta pelo título.
Um ponto e dez jogos separam Benfica e FC Porto!
Quem estará melhor preparado para ganhar esta corrida?
Quem será o Campeão da Liga NOS 19/20
Parte I - SL Benfica -
# Enquadramento
Com reforço da aposta em colocar mais jogadores provenientes da formação na equipa principal e de algumas contratações avultadas (se juntarmos Weigl reforço de Inverno a RDT+Vinícius são 57,00 M) o Benfica iniciou a época como tinha terminado a anterior, avassalador nos números, com um registo interno de Vitórias que a cada jornada ia reforçando a liderança e a convicção que a equipa caminhava “tranquilamente” na rota de mais um Título Nacional.
Em contraste com a relativa facilidade das Vitórias alcançadas a nível interno, o Benfica continuava a somar desaires Europeus, deixando transparecer dificuldades coletivas e individuais que aumentavam a incerteza quanto ao real valor da equipa.
Depois da Saída da Champions e consequente queda na Liga Europa frente ao Shakhtar de Luís Castro, veio também a confirmação da queda interna, a derrota no Dragão não só diminui distâncias como parece ter tido repercussões psicológicas que levaram a um mês de Fevereiro cheio de tropeções que culminaram na perda da liderança à 23ª jornada.
Beneficiará o Benfica desta “pausa” para recuperar o ímpeto das suas dinâmicas coletivas e a confiança das suas individualidades?
STRENGTHS (FORÇAS)
A nível interno o Benfica revela sempre muita facilidade em construir situações de finalização, seja em Organização Ofensiva ou no momento de Transição a equipa consegue criar e chegar com muitos homens ao último terço e em condições vantajosas para finalizar, contando com os melhores marcadores da Liga, Vinicius (15 golos) e Pizzi (14 golos) para materializar em golos as oportunidades criadas.
Adel Taarabt e Rafa como os principais desequilibradores do momento ofensivo, capazes de rasgos individuais que desorganizam estruturas defensivas com muitos jogadores;
Adel, tem chamado a si a responsabilidade de assumir o jogo, é dos seus pés que tem origem a maioria de lances de potencial perigo do ataque encarnado, soberba capacidade de encontrar espaços e caminhos que são para outros inexistentes ou demasiado “apertados”, de louvar também aquilo que cresceu a nível atitudinal na disponibilidade que revela para defender.
Rafa, a imprevisibilidade na forma como percorre todo o espaço ofensivo, seja na capacidade que tem de encontrar espaços e receber entre linhas ou na sagacidade como realiza movimentos de ataque à profundidade, a verdade é que sempre que recebe de forma orientada e com condições para acelerar em direção à baliza adversária, torna-se praticamente impossível pará-lo.
O regresso de Gabriel, provavelmente o jogador mais importante do Modelo de Jogo preconizado por Bruno Lage, com Gabriel o Benfica volta a ganhar maior capacidade de antecipar e reagir a perda, pelo posicionamento e pela leitura que faz dos lances, pela agressividade no momento da pressão, a forma como condiciona as saídas do adversário, permite ao Benfica ter mais recuperações e consequentemente mais ataques rápidos e contra ataques, momentos em que a equipa era particularmente perigosa e eficaz;
Vlachodimos, fez esta época uma série de defesas importantes e impressionantes, umas que chegaram a valer pontos. Enorme qualidade entre os postes, nos reflexos, na capacidade de vencer situações no 1x1, evoluiu substancialmente no seu jogo de pés, mais confortável no passe e receção, evoluiu na leitura do jogo e na forma como controla hoje a profundidade. Continua a pecar na forma como lida com os cruzamentos seja de bola corrida ou bola parada, ou como tantas vezes saí preferindo socar em vez de agarrar. Quando melhorar aqui estará certamente preparado para outro patamar, e o “Olimpo” será o limite para este Grego.
WEAKNESSES (FRAQUEZAS)
As últimas jornadas a nível interno trouxeram um Benfica com mais dificuldades em construir e criar, tornando-se uma equipa mais previsível no seu ataque posicional, com demasiados erros técnicos e de tomada de decisão, usando e abusando do jogo exterior para sucessivos cruzamentos na forma como procura chegar a zonas de finalização, facilitando a vida de quem defende.
Acentua-se a ideia que este Benfica fica demasiado dependente de rasgos individuais para conseguir desorganizar estruturas defensivas com muitos jogadores.
Transição Defensiva - falamos da ausência e da importância de Gabriel neste momento, sem o Brasileiro o Benfica tornou-se uma equipa exposta e desequilibrada, concedendo muito espaço na hora de defender, ficando muitas vezes em inferioridade numérica perante o momento de transição ofensiva do adversário e com erros de posicionamento e comportamento por parte de quem sobra para defender;
No lado direito mora Pizzi, inequívoca a capacidade do transmontano acrescentar ofensivamente no último terço pela definição no passe ou pela primazia com que finaliza. O problema de Pizzi é a forma como recupera ou não defensivamente (acredito que maioritariamente não o faça por questões estratégicas) mas a verdade é que a sua ausência do processo defensivo causa desequilíbrios pelo seu corredor na hora de defender e obriga toda a estrutura a readaptar o seu posicionamento;
Do lado Esquerdo do Quarteto Defensivo mora uma dupla Grimaldo/Ferro que tem passado um verdadeiro “cabo das tormentas” na hora de controlar a profundidade, de defender espaços largos, com demasiadas abordagens erradas ao nível do posicionamento, na orientação dos apoios, no timing de atacar a bola e na forma como perdem muitas vezes os duelos individuais e são ultrapassados em situações de 1x1. Verdade seja dita, também não tem sido protegidos pelo coletivo.
OPPORTUNITIES (OPORTUNIDADES)
Uma interrupção abrupta, inesperada sem benefícios para ninguém. Mas que surge precisamente num momento que o SL Benfica passava por maiores dificuldades, apenas uma vitória em oito jogos, em Barcelos, por 1-0, com golo de Carlos Vinícius.
De resto, há a registar mais duas derrotas, frente a Shakhtar Donetsk (1-2) e SC Braga (0-1) e quatro empates: Shakhtar Donetsk (3-3) e Famalicão, Moreirense e Vitória de Setúbal, todos a um golo.
Está poderá ser uma oportunidade para Bruno Lage recomeçar, recuperar jogadores fundamentais tanto do ponto vista físico, como motivacional.
THREATS (AMEAÇAS)
A incerteza sobre como será o regresso, a desconfiança em relação à capacidade da equipa, a ausência de público tantas vezes determinante para empurrar a equipa para uma Vitória e um calendário com três deslocações difíceis (Vila do Conde, Funchal, Famalicão) e um sempre “escaldante” Dérbi Lisboeta a fechar.
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