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Foto do escritorGonçalo Cruz

The Last Dance or Keep Dancing?!

PORTUGUÊS

 

Neste fim de semana que passou comecei a assistir ao eletrizante documentário da Netflix, The Last Dance. Sem querer fazer spoiler, a obsessiva tentativa de reformulação do plantel levada a cabo pelo diretor geral dos Bulls fez-me questionar, acima de tudo, sobre o impacto emocional que as substituições têm nos jogadores e nos treinadores.


O treinador, enquanto líder, terá sempre a difícil tarefa de escolher quem vai a jogo, em teoria opta por aqueles que acredita ser as melhores opções para conseguir vencer. Desde logo, existem consequências emocionais imediatas, tanto para os que jogam, para os que começam no banco e para aqueles que ficam de fora. A alegria de quem joga contrasta com a azia (mais ou menos saudável) de quem não fez parte das escolhas. Se escolher o onze inicial é, do ponto de vista decisional, extremamente complicado para o treinador, realizar uma substituição no decorrer de um jogo torna-se, ainda mais complexo. Não existe nenhuma lei de jogo que obrigue o treinador a efetuar uma, duas ou até esgotar as três substituições. Isto porque a troca está assente no propósito da melhoria e da transformação positiva. Se não for para melhorar, porque razão se irá trocar? Voltando ao início deste texto, penso que foi um pouco assim que os jogadores e treinador dos Chigaco Bulls se sentiram ao se aperceberem das intenções do seu diretor geral. Já todos ouvimos a seguinte frase:

"Será apenas uma «troca por troca» e que no plano estratégico nada irá mudar."


Será mesmo assim? Ainda que ambos os jogadores possam jogar na mesma posição, eles não são iguais, logo o seu impacto no jogo não será igual. Alguns sinais que podem levar um treinador a ter de substituir um jogador:

  • Mental - afetado pelo público ou estar condicionado por ter um amarelo;

  • Físico - o seu rendimento está comprometido porque está visivelmente desgastado ou se encontra lesionado;

  • Técnico/Decisão - ineficácia nas suas ações técnicas ou na execução da decisão e isso está a prejudicar o seu jogo e o da equipa;

  • Estratégia - um jogador foi expulso e tem de se ajustar a disposição tática da equipa ou o (mau) posicionamento do jogador não é o pretendido e exigido pelo treinador;


Quantos de nós já vimos determinados treinadores efetuarem sempre a mesma substituição em determinado minuto ou período do jogo. Isto até pode ser uma opção estratégica na ideia do treinador, algo em que ele acredita profundamente. Mas e os seus jogadores? Será que os jogadores não começam a perceber e a questionarem-se que independentemente do que se suceda no jogo, aquela substituição padrão irá ocorrer sempre? Que até podem estar a ter um desempenho elevado mas que, ainda assim, isso não irá influenciar em nada a decisão do seu líder? Uma substituição nunca será apenas uma «troca por troca». Qualquer que seja a substituição, seja ela num jogo, num exercício ou até na construção de um plantel no início de época, estas levam consigo um conjunto de mensagens conscientes e não-conscientes que afetam de forma direta o grupo de trabalho e os jogadores envolvidos. Quantos de nós já não trocamos o jogador A pelo jogador B num exercício, para que conseguíssemos, de certa forma, atingir emocionalmente o jogador e os restantes colegas? Exemplo prático: Exercício competitivo 11v11 que servirá como ensaio para o jogo, onde os jogadores de colete são provavelmente os titulares e o treinador para “espicaçar” um ou outro jogador que fazem habitualmente parte deste grupo coloca-os na “equipa coca-cola”.

Como podemos verificar e, até sem perceber muito do assunto, este pequeno exemplo demonstra bem o impacto e as inúmeras respostas do ponto de vista emocional que se podemos provocar nos jogadores. Em todos, sem exceção.


Em suma, estas como todas as ações de um treinador, devem ser devidamente ponderadas e refletidas antes de serem consumadas. Aceitar que o jogo é imprevisível e os cenários encontrados não são igualmente repetíveis. E que será o contexto em si, a perceção e a capacidade de interpretação do treinador os fatores determinantes na tomada de decisão.


Para ajudar a esta reflexão, antes da decisão, existem sempre duas questões às quais procuro dar resposta:

  1. Qual é o propósito?

  2. Que reações/emoções irei provocar?


A verdade é que nem sempre é possível e, o nosso cérebro tende a encontrar resposta rápidas (nem sempre as mais acertadas) para as diversas interrogações que surgem no caminho. O chamado pensamento intuitivo, o tal feeling. Claro que este também acerta decisões e, para isso, muito depende das memórias que estão armazenadas no nosso cérebro. Recusarmos a nossa intuição será, na minha opinião, perdermos parte da nossa essência enquanto influenciadores de comportamentos e isso nunca podemos perder, a nossa identidade. Todos nós tomamos decisões com o felling que é a decisão certa. Quem nunca? O nosso cérebro é preguiçoso e foi desenvolvido para economizar energia.


Mesmo nas questões aparentemente mais simples e que o feeling parece ser a resposta certa. Desconfiem! Se tiverem tempo, reflitam, oiçam aqueles que vos rodeiam e que poderão ter pensamentos divergentes aos vossos e procurem a resposta mais consciente possível. Eu acredito que, no mínimo, ponderar a primeira resposta que nos vem à cabeça poderá ter efeitos absolutamente determinantes nas reações que a nossa decisão poderá provocar nos jogadores.


Porque já sabem, as nossas decisões vão de certeza gerar emoções e estas geram reações. No fundo, o que queremos é que estas alcancem o propósito coletivo.



ENGLISH

 

This past weekend I started watching Netflix's electrifying documentary, The Last Dance. Without wanting to spoil, the obsessive attempt to reform the squad carried out by the general manager of the Bulls made me question, above all, the emotional impact that substitutions have on players and coaches.


The coach, as leader, will always have the difficult task of choosing who goes to the game, in theory he chooses those he believes are the best options to be able to win. First, there are immediate emotional consequences, both for playing, for those who start on the bench and for those who are left out. The joy of those who play contrasts with the heartburn (more or less healthy) of those who were not part of the choices.


If choosing the line-up is, from a decisional point of view, extremely complicated for the coach, making a substitution in the course of a game becomes even more complex. There is no game law that requires the coach to make one, two or even exhaust three substitutions. This is because the exchange is based on the purpose of improvement and positive transformation. If not to improve, why will you change? Going back to the beginning of this text, I think that was a little bit how the players and coach of the Chigaco Bulls felt when they realized the intentions of their general manager.


We've all heard the following sentence:

"It will just be an 'exchange for an exchange' and that in the strategic plan nothing will change."


Is it really so?


Although both players can play in the same position, they are not the same, so their impact on the game will not be the same.


Some signs that may lead a coach to replace a player:

  • Mental - affected by the public or being conditioned by having a yellow card;

  • Physical - your performance is compromised because he are visibly worn out or injured;

  • Technical - ineffective in his technical actions or in the execution of the decision and this is damaging his game and that of the team;

  • Strategy - a player has been sent off and has to adjust to the team's tactical disposition or the player's (bad) positioning is not what is intended and required by the coach;

How many of us have seen certain coaches always make the same substitution in the same minute or period of the game. This can even be a strategic option in the coach's idea, something he deeply believes in. But what about your players? Don't players start to realize and wonder that regardless of what happens in the game, that standard substitution will always occur? That they may even be having a high performance but that, even so, it will not influence the decision of their leader in any way?


A substitution will never be just an "exchange for an exchange". Whatever the substitution, be it in a game, in an exercise or even in the construction of a squad at the beginning of the season, they carry with them a set of conscious and non-conscious messages that directly affect the work group and the players involved.


How many of us have already switched from player A to player B in an exercise, so that we could, in a way, emotionally reach the player and the other colleagues?


Practical example:

Competitive 11v11 exercise that will serve as a rehearsal for the game, where the players with the vest are probably the holders in the game and the coach to "spike" one or another player who are usually part of this group puts them in the "team of substitutes".


As we can see and, even without realizing much of the subject, this small example demonstrates the impact and the countless emotional responses that can be provoked in the players. In all of them, without exception.


In short, these, like all the actions of a coach, must be properly considered and reflected before they are consummated. Accept that the game is unpredictable and the scenarios encountered are not equally repeatable. And that the context itself, the coach's perception and ability to interpret will be the determining factors in his decision making.


To help this reflection, before the decision, there are always two questions that I try to answer:

  1. What's the purpose?

  2. What reactions / emotions will I provoke?

The truth is that it is not always possible, and our brain tends to find quick answers (not always the right ones) to the various questions that arise along the way. The so-called intuitive thinking, the feeling. Of course, this one also makes correct decisions and, for that, a lot depends on the memories that are stored in our brain. Refuse our intuition will, in my opinion, be to lose part of our essence as behavior influencers and that can never happen, we cannot lose our identity.


We all make decisions with felling which is the right decision. Who never? Our brain is lazy and designed to save energy.


Even on the seemingly simplest questions and that feeling seems to be the right answer. Be suspicious! If you have time, reflect, listen to those around you and who may have thoughts that are different from yours and seek the most conscious answer possible.


I believe, at least , we should consider the first answer that comes to mind can have absolutely decisive impact on the reactions that our decision can provoke in the players.


Because you already know, our decisions will certainly generate emotions and these will generate reactions. Basically, what we want is for them to achieve the collective purpose.

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